domingo, 6 de junho de 2010

Metropolitan Vickers Série 200: A ''Martha Rocha'' da ferrovia carioca


 Conforme disse no post anterior,a E.F.Central do Brasil precisava de reforço de frota,para atender a crescente demanda que ocorria nos trens de subúrbio carioca.Por isso que houve a chegada em 1948 de mais 30 trens da Série 100,o que não foi suficiente.Sem contar que a situação dos trens estava crítica: no ano de 1953 rodavam apenas 58 trens,dos quais 18 rebocados por locomotivas e o restante com falta de peças ou rodando com avarias...

 Em 1954 foi liberada a verba e realizada uma licitação para a compra de 100 novos TUEs para a E.F.Central de Brasil. P.S.:A recomedação para compra de 100 novos TUEs foi dada em 1952...Mais uma vez a Metropolitan Vickers ganha a licitação. Mas desta vez ela contrata a Cobrasma,FNV e Santa Matilde para a produção dos carros reboque,já os motores viriam da Inglaterra.

De cima para baixo:Dois carros reboque da Série 200 na Fábrica Nacional de Vagões e fotografia do carro motor.

Eles chegaram em 1956 e logo ganharam o apelido de Martha Rocha,a famosa miss Brasil que perdeu o concurso de miss Universo por ter duas polegadas a mais de quadril.O por quê desse apelido era lógico:Os trens eram maiores e dispunham de uma porta a mais de cada lado do trem,ou seja,ao invés de 6 portas/carro como nos Séries 100,eles tinham 8 portas/carro.

 Ao longo de anos,assim como o parente mais velho Série 100, passou pelos mais diversos ramais e sofreu as mais variadas modificações,além de ser um trêm mais potente que o antecessor(que já havia sofrido alterações como ganho de potência unihorária e novos rodeiros de aço fundido para suportar a quantidade excessiva de passageiros nos carros e assim foram renumerados para série 300).

 Mas uma modificação foi essencial e mais do que necessária.Os carros da Série 200 vieram com uma falha na construção, simplesmente não havia reforço necessário nas extremidades dos carros.

O que isso ocasionava?
 Num acidente os carros entrariam uns nos outros e não serviriam como ''escudo protetor''. O mais famoso acidente que comprovou isto foi em 1958:Na tarde do dia 8 de maio, um trêm da Série 200 choca-se com um trêm da Série 100 na Mangueira.Saldo:130 mortos e em torno de 300 feridos.O maior acidente ferroviário carioca:


 Após uma série de acidentes fatais e consequentemente carros perdidos, o erro foi posteriormente corrigido...

 Os trens da Série 200 tiveram várias pinturas durante tantos anos de rodagem:



Curioso destacar que esta reforma da foto acima nos Séries 200 os deixou parecidos com os Séries 400 Fase I.Não é a toa:A Caixa de ventilação é a mesma que encontramos na Série 400 Fase III, os equipamentos do motor de tração também vieram dos 400...

 Na década de 80 a RFFSA realizou reformas em alguns trens da Série 200,porém devido ao grande número de problemas apresentados por estes modernizados e também os não modernizados, alguns foram canibalizados e aposentados,para servir de suprimento de peças a outros 200 que ainda rodavam.


Em 1990 dá-se início a modernização de trens da Série 200 pela CBTU,que os transformariam em Série 1000.Mas isso continua no post ''Série 1000:o Série 200 evoluiu''.Até logo!


Fotos retiradas do acervo pessoal de Hugo Caramuru.

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